domingo, 18 de abril de 2010

Para onde o Ubuntu está indo ???


Ubuntu Lucid ??? Ou o Gato Risonho da Alice ???
Muitas vozes se levantam contra o Ubuntu, e, como já foi dito antes, parece que “malhar” o Ubuntu se torna quase um esporte. Mas, minha intenção com este artigo, é fazer uma crítica equilibrada, sem o peso de uma malhação apenas e tão somente, e, de uma crítica negativa.

Na verdade, o que todos nós nos peguntamos, e, tememos, é: Para onde o Ubuntu está indo ??? Quais os rumos que uma das distribuições mais amadas(e odiadas), a mais popular, no sentido de ser conhecida e ter muitos adeptos, vai tomar daqui pra frente.

O Ubuntu, inegavelmente, está num ótimo momento, pode-se dizer que ele já alcançou tração bastante para seguir seu caminho “per se”.

Quando tive contato com o Ubuntu, e, isso foi nos tempos do 6.06 e do 6.10, o Ubuntu parecia um Knoppix melhor do que o Knoppix. Era uma distro muito promissora, dando sinais de que iria trazer o Linux, até então uma arcana magia de geeks e nerds, para o usuário comum.

O Ubuntu não teve tanto impacto no Brasil, já que tínhamos duas distros nacionais, a Conectiva Linux, mais voltada ao setor empresarial e o nosso amado Kurumin, um remaster do Knoppix, que, graças ao sr. Carlos Morimoto, se tornou única, com seus scripts que faziam até winmodems funcionar.

Então, o Ubuntu não foi recebido com a surpresa e o espanto com que foi recebido em outros países, os Estados Unidos principalmente.

Como eu não era um usuário, não acompanhei a trajetória do Ubuntu até chegar às versões mais recentes, 9.04 e 9.10, a mais recente, Karmic Koala.

Como a adoção de kernels mais recentes e o reconhecimento de hardware estavam muito bons, passei a sugerir a meus clientes a adoção das versões mais recentes do Ubuntu.

E... Qual a minha surpresa quando precisei mexer no Ubuntu mais recente...

Primeiro, ele não vai para a linha de comando facilmente. O inittab não existe mais. Então, de nada adianta tentar setar o runlevel = 3 para logar na CLI que não se consegue. Hummmm... Bom, é interessante(será ?) esconder a CLI de usuários novos. Mas, e quando se precisa fazer manutenção nele ? Não é fácil de se chegar à linha de comando.

Então... Instalei um notebook para cliente, com vídeo SiS. E, claro, a configuração de vídeo ficou a padrão 800 x 600. Ahhh, fácil... É só mexer no xorg.conf e pronto. E... Cadê o xorg.conf ? Foi abolido também...

Então, nos deparamos com decisões tecnológicas sobre o Ubuntu, que são motivadas por questões políticas e mercadológicas.
Já vimos isso antes, que motivos políticos geram decisões tecnológicas. Uma das maiores empresas de software proprietário sempre pautou suas decisões tecnológicas por questões políticas. Ou colocar o Internet Explorer dentro do windows 98 foi apenas para que os usuários tivessem uma melhor experiência em usabilidade ???

Assim, as decisões da Canonical sobre o Ubuntu, numa base política, estão levando-o por tortuosos caminhos tecnológicos.
E, estas tensões, entre aquilo que se queria que o Ubuntu fosse e aquilo que a Canonical se permite fazer com ele, criam atritos como o do episódio do posicionamento dos botões no Ubuntu 10.04.
E aí, vem o próprio Mark Shuttleworth dizer que o Ubuntu não é uma democracia.
Hummmm... Fica a questão no ar: Para conseguir trabalho altamente especializado, o Ubuntu é uma comunidade. Quando essa comunidade quer ser ouvida, o Ubuntu não é uma democracia ???

Eu penso que a questão do “atrito” que houve por causa do design do novo Ubuntu foi menos pelo design em si, e mais por um clamor da comunidade, para ser ouvida em seus anseios.

O Ubuntu em sua nova versão já não virá com o Gimp, uma das pedras angulares do movimento Open Source. Em seu lugar, o F-Spot, que tem muito poucos recursos, usa uma biblioteca para “traduzir” a api em que foi escrito (.NET) para ser executado no Linux e, por conta disso, ocupa um espaço substancial no disco. Note se aqui que em diversas pesquisas on line, os usuários do Ubuntu votaram contra a retirada do Gimp em sua maioria.

A política envolvida molda os rumos do Ubuntu, e, essa política parece estar direcionada em atrair o maior número possível de usuários, fazendo concessões que deixam os usuários mais antigos surpresos. Eu tinha esperança que o Ubuntu, ao atrair o grande público para o Linux, poderia mostrar que existe algo além das janela$, que a tecnologia da informação é muito mais do que apertar botões e ser um viveiro de vírus e pragas digitais, que um mundo diferente é possível.

Mas, as decisões da Canonical apenas estão repetindo um cenário já conhecido, e, para atrair mais usuários, está fazendo o Linux ficar imbecilizado, perpetuando péssimas práticas e, consequentemente manchando o bom nome do Linux.

A Canonical não é uma empresa Open Source. Não como a Red Hat, que desde o seu início prezou os princípios do Open Source e as quatro liberdades da GPL. Não, Canonical está mais para uma empresa como a Apple. E, com os rumos que está dando ao Ubuntu, não vai demorar muito para ele não ser mais GNU/Linux Ubuntu (como alguns queriam, há pouco tempo atrás, na Gnome foundation, que o Gnome deixasse de ser GNU).

Assim, se o que você procura é uma distro que seja comunitária, com ampla participação e respeito pelas vozes da comunidade, procure por uma distro como o Debian, que é lastreada pela Debian foundation, ou pela distro Fedora, que é o ramo free da Red Hat. Essas distros são mais fiéis ao espírito da GPL e ouvem efetivamente sua comunidade. Não apenas os executivos...

Claro que existem outras opções ao Ubuntu, distros derivadas dele, que não seguem tão à risca o design da distro mãe: São elas o Kubuntu e o Linux Mint. Essas não estão tão amarradas aos desígnios da distro mãe.

Mas, depois de todas essas linhas, não pensem que eu quero que o Ubuntu fracasse. De jeito nenhum, quero que o Ubuntu tenha sucesso. Mas, as decisões de seus executivos estão minando suas possibilidades, já que nem como uma peça de FLOSS e nem como um sistema proprietário ele vai se destacar. Se continuar nessa direção... Sem um rumo certo.

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