quinta-feira, 23 de abril de 2020

Finalmente: Shotcut funcionando no PCLinuxOS!

 
Shotcut é um editor de vídeo não linear, o qual eu sempre quis usar. Mas, primeiro,  gostaria de contar  meu background com produção audio-visual.
Eu comecei a fazer vídeos para o YouTube, com o PCLinuxOS, primeiramente com o Openshot e todas as ferramentas que estão disponíveis nos repos do PCLOS: Audacity, Openshot, Rezsound, SSR e outros.
Openshot foi meu escolhido por ter uma interface direta e ser supersimples de operar. Na verdade, Openshot é simples, mas, muito completo. Ele possui recursos que não são acessíveis logo no início, tendo que ser ativados, sejam por menus diferentes ou propriedades dos vídeos clips. Mas, isso mostra a inteligência do programador, que decidiu não assustar seus prováveis usuários com uma interface intimidadora. 
Depois comecei a usar o VSDC, da plataforma windows, mas, graças ao Wine e Play-On_Linux, funcionando perfeitamente no Linux, para adicionar mais efeitos e outras capacidades com caracteres e fontes que o Openshot não tem. O VSDC também tem uma interface muito clara e direta, e, seus recursos são acessíveis por menus no estilo ribbon, do MS Office (e agora já bem difundido entre diversas aplicações).


E o KDE’nlive ?

Eu confesso: A interface do  KDE’nlive, que copia o Adobe Premiere, me afugentou. Eu nunca consegui entender aquela interface, e, eu penso que um usuário não deve brigar com um aplicativo, mas, trabalhar com ele. Assim, eu passo o  KDE’nlive, e, considero o Openshot, com suas qualidades e fraquezas, o padrão pelo qual julgo outros programas de edição de vídeo. O Openshot mesmo, tomou muita inspiração do windows movie maker. De uma certa forma, Openshot é um windows movie maker que bombou na academia, e, agora tem músculos muito bem definidos e muita força em seus punhos.

Shotcut: Um excelente editor NLVE, só demorou tempo demais.

Nesse meio tempo, eu testei outros editores de vídeo: Flowblade, Pitivi, até o Cinelerra. Este eu não recomendo a ninguém que esteja iniciando, pois a experiência é para profissionais, não amadores bem-intencionados.
E testei também o Shotcut.
Fiquei superimpressionado pelo programa: elegante, feito com as bibliotecas Qt, em C++, o programa era suave como seda rodando. Não dava crashes, estável e não consumia recursos da máquina em demasia (Openshot, trabalhando, é um resource hog).

Mas, nem tudo eram flores: Na hora de exportar os projetos, nada acontecia. O Shotcut não funcionava no PCLinuxOS, o que me impediu de usá-lo. Havia até um post no fórum sobre isso: https://www.pclinuxos.com/forum/index.php/topic,144310.msg1232776.html#msg1232776

Mas, nas versões mais recentes, todos os problemas foram resolvidos, e, Shotcut agora funciona como deveria. E quais minhas impressões ? Na sequência eu conto…

Shotcut: Tão bom que parece até pago…

Pois é, o programa é tão polido que não parece free software, mas, um programa comercial.

Vamos olhar a história do Shotcut agora.

Tela principal do programa

Shotcut foi originalmente concebido em novembro de 2004 por Charlie Yates, co-fundador da MLT e desenvolvedor líder original. A versão atual do Shotcut é uma reescrita completa de Dan Dennedy, outro co-fundador da MLT e atual líder. Dennedy queria criar um editor baseado no MLT e optou por reutilizar o nome Shotcut, já que ele gostou muito. Ele queria criar algo para exercitar os novos recursos multiplataforma do MLT, especialmente em conjunto com os plugins WebVfx e Movit.


Recursos

O Shotcut suporta formatos de vídeo, áudio e imagem via FFmpeg. Ele usa uma linha do tempo para edição de vídeo não linear de várias faixas que podem ser compostas por vários formatos de arquivo. Scrubbing e o controle de transporte são auxiliados pelo processamento baseado em GPU do OpenGL e vários filtros de vídeo e áudio estão disponíveis.

    • Suporte de formato através do FFmpeg
    • Busca com precisão de quadros para muitos formatos
    • Webcam e captura de áudio
    • Reprodução de fluxo de rede (HTTP, HLS, RTMP, RTSP, MMS, UDP)
    • Exportação EDL (lista de decisão de edição CMX3600)
    • Escrito em C e C++, sob o framework Qt5


Áudio

    • Escopos de áudio
    • Loudness
    • Medidor de pico
    • Forma de onda
    • Analisador de espectro
    • Sincronização de transporte JACK


Efeitos de vídeo

    • HTML5 como origem e filtros
    • Ferramentas de classificação de cores
    • Desentrelaçamento
    • Transições Wipe
    • Controlar modos de composição / mistura
    • Velocidade e efeito reverso para clipes
    • Quadros-chave


Hardware
  • Blackmagic Design SDI e HDMI para monitoramento de entrada e visualização
  • Leap Motion para controle de jog / shuttle
  • Captura de webcam
  • Captura de áudio na placa de áudio do sistema
  • Capture (grave) SDI, HDMI, webcam (V4L2), áudio JACK, PulseAudio, fluxo IP e dispositivos Windows DirectShow
  • Processamento de imagem paralelo de vários núcleos (quando não estiver usando GPU e a queda de quadros está desativada)
  • Saída do keyer do DeckLink SDI
  • Processamento de imagem baseado em GPU OpenGL com ponto flutuante de 16 bits linear por componente de cor
  • Outra característica muito importante é a capacidade de trabalhar com graduações de cor. Sim, Shotcut pode ser uma ferramenta de colorização, tanto para correção de cor quanto para dar efeitos diversos aos seus clipes.


 Correção de cor no Shotcut
 

O Básico do Shotcut

Bem, como eu escrevi acima, minhas experiências com edição de vídeo tem por base o Openshot. Assim, julgarei o Shotcut comparando-o com o Openshot.


A Interface
Em termos de interface, o Shotcut se apresenta de uma forma mais complicada do que o Openshot, mas, não é algo que desencoraje o usuário, muito pelo contrário. É uma questão de adaptação ao software e seus paradigmas: No Openshot, fazer um fade é superfácil. No Shotcut, também é, mas, você deve procurar em outro lugar: Qualquer coisa no Shotcut é um filtro. Assim, até um fade é um filtro. Você deve procurar no menu Filters e adicionar o filtro Fade, tanto in quanto out, e, depois, com controles deslizantes é possível controlar a intensidade e duração. Cross fades são superfáceis de fazer, bastando arrastar um videoclipe sobre o seguinte, e, o Shotcut faz o resto.

Iniciando

Para começar com o Shotcut, vamos analisar uma tela de um vídeo que eu estava editando (aliás, editei o vídeo no Shotcut também para escrever este artigo).

Então, vamos a um breve how-to, para incentivar você, futuro videomaker / cineasta a dar seus primeiros passos no Shotcut.

Edição de um vídeo no Shotcut

  • Para inserir um vídeo, você deve apertar o botão Abrir Arquivo.
  • Depois de aberto, o arquivo fica sendo executado na janela do player principal, no centro da tela
  • Para que o arquivo de vídeo / áudio / imagem faça parte do seu projeto, depois de abri-lo, você deve arrastá-lo para a caixa Lista de reprodução. Faça isso para cada arquivo que faz parte de seu projeto.
  • Cada arquivo ganha um número, que é a ordem a qual o arquivo foi adicionado (o primeiro será o número 1 e assim por diante).
  • Todo o arquivo audiovisual tem a representação da forma de onda de seu áudio, o que facilita quando a edição de algum vídeo precisa ser sincronizada
  • Na parte inferior da tela, temos a timeline, onde você irá dispor os diversos arquivos do projeto. Eu fiz algumas edições, como na figura acima, e, podem ser vistos alguns efeitos de crossfade e fade in e out aplicados.
  • A timeline começa com uma camada, mas, dependendo dos efeitos que você quiser dar ao seu vídeo, outras camadas podem ser adicionadas, sendo então empilhadas umas sobre as outras. E, uma camada adicionada sempre ficará acima da camada mais velha.
  • No lado superior direito fica um medidor de áudio, que mostra a intensidade do áudio sendo tocado no momento.
  • Todos os menus e caixas com as listas, sejam de filtros ou de arquivos, são docáveis, ou seja, podem ser deslocados e rearranjados ao gosto do usuário.
  • Quando estiver satisfeito com o resultado do seu vídeo, chega a hora de exportar o vídeo.
  • Para tanto, há uma caixa no canto superior esquerdo de predefinições, onde é possível escolher entre os diversos formatos de exportação que o programa suporta. Uma vez escolhido o formato de saída, clique em exportar arquivo, da linha do tempo, e o programa começará a exportação. O progresso da exportação é mostrada na caixa Trabalhos, do lado direito, abaixo do medidor de som.
     

Conclusões

Bem, só posso dizer que fiquei muito bem impressionado com o Shotcut, e, vou fazer uma análise bem direta, de seus pontos fracos e fortes.

Pros
  •  Interface completamente customizável, graças ao Qt5, qualquer menu ou caixa de opções pode ser rearranjado.
  •  Bons resultados finais, um vídeo de 17 minutos levou 20 minutos para ser renderizado, em um Corei3, um desempenho, que, se não é o melhor dos editores de vídeo, não fica muito atrás, quando comparado ao Openshot
  •  Muito efeitos, filme antigo, sépia, e até correção de cor. Em softwares livres de fonte aberta, não são recursos muito comuns.
  •  Ótima capacidade para trabalhar com fontes e letras, até com texto 3D
  •  Consumo de memória é consistente, se mantém num patamar razoável e não é muito alto.

Contras
  • Seu paradigma não segue o de outros programas de edição de vídeo.
  • Sua curva de aprendizado é maior do que outros programas de interface mais simples (Openshot)
  • Não tem integração com outros programas, como o Openshot tem (Blender e Inkscape).
  • Alguns efeitos de câmera lenta só são possíveis com a ajuda de programas externos.


Veredito

Excelente editor de vídeo, o qual depois que o usuário se acostuma com ele, é capaz de produzir peças audiovisuais muito boas. Claro que não possui todos os efeitos, mas possui efeitos bastantes, baseados no MLT e no FFMpeg, pode ser usado em conjunto com o Openshot (ou outro editor de vídeo), para se conseguir os efeitos que ele não possui. Mas, a interface é muito boa, muito customizável, não deu nenhum crash durante a operação (para que eu escrevesse este artigo), ótima estabilidade, e, ser escrito em C, C++, sob o framework Qt faz dele responsivo e não muito exigente em termos de memória e processador. Claro que, quanto mais cores sua CPU tiver, melhor.
Altamente recomendado. Vale muito a pena!

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