Em uma região conhecida pela crueldade, Caleb era lendário. Nascido no oeste do Texas em 1847, ele obteve a reputação de um pistoleiro implacável aos 17 anos de idade. Sua força sanguinária encontrou um novo timbre ameaçador quando ele entrou no culto de Tchernobog. Mas o verdadeiro massacre começou quando ele foi traído e descartado por seu mestre, o deus das Trevas Tchernobog…
Assim começa o jogo Blood, um videogame de primeira pessoa desenvolvido pela Monolith Productions e publicado pelo GT Interactive Software. A versão shareware foi lançada para PC em 5 de março de 1997, enquanto a versão completa foi lançada em 31 de maio de 1997 na América do Norte e em 20 de junho de 1997 na Europa.
A História
O jogo começa com os quatro escolhidos, na presença de seu mestre, Tchernobog, sendo, por alguma razão desconhecida no momento, castigados e destroçados. A cada um deles um final horrível é dado: Um é devorado pelos cães do inferno, outro é atacado por uma aranha gigante, Shial, Ofelia, a amada de nosso herói, é carregada para as sombras por Cheog, um dos servos de Tchernobog e finalmente, Caleb, é jogado no abismo da escuridão, onde as palavras de Tchernobog ecoam “Considere o meu poder, num túmulo vazio”.
Anos mais tarde, na década de 1920, ele acorda em um túmulo, no cemitério Morningside, e exclama: Eu vivo. Novamente!
Mas, a terra que Caleb encontra está muito diferente daquela que ele deixou, o culto a Tchernobog cresceu enquanto Caleb apodrecia no túmulo, ao ponto de agora quase dominar toda a terra. Sim, cultistas de Tchernobog andam pelas ruas, na preparação da chegada de seu mestre a este mundo. E, por causa dessa proximidade, os mortos foram acordados de seu sono eterno, e, infestam as ruas.
Caleb revivido pelo mesmo poder que o abateu irá em busca de vingança contra o ser que o traiu. É mal contra um mal maior ainda.
Concept design do personagem Caleb
Assim começa a épica história de Blood, seguindo um pistoleiro revivido contra o cabal de Tchernobog e uma miríade de monstros fiéis a Tchernobog: Zumbis, cães do inferno, gárgulas, aranhas gigantes, ratos, morcegos, mãos possuídas (como em Evil Dead).
Gameplay
O gameplay é similar aos FPS comuns da época, onde o jogador deve encontrar a saída de uma fase, buscando chaves, resolvendo enigmas, e, claro, batalhando contra hordas de monstros e servos de Tchernobog, sempre visando alcançar a próxima fase.
Blood é organizado em quatro episódios, cada episódio contendo um total de 8-9 mapas diferentes que consistem em 6-7 níveis regulares, um nível de “chefe” e um nível secreto. O design de nível é variado, já que alguns locais parecem levar um ao outro, mas outros saltam para o jogador. Alguns locais se inspiraram nas cidades da época, com locais como edifícios, museus, pubs e centros comerciais. Outros são templos genéricos ou minas.
Armas, artefatos e bônus itens aparecem em Blood. As armas de fogo incluem um sinalizador, uma espingarda cano serrado e uma metralhadora Tommy gun, armas explosivas como dinamite e um lançador de napalm, um rifle de choque nomeado em homenagem ao inventor Nikola Tesla e vários artefatos de magia negra, incluindo uma boneca Voodoo e, uma lata de aerosol que pode ser usada como lança-chamas. O game também possui um power-up conhecido como "Guns Akimbo", que permite que o jogador use certas armas em dupla (com as duas mãos, à la John Woo).
Gráficos
Os gráficos podem ser melhorados e observados em 640x480, e, são considerados os melhores gráficos de todos os jogos baseados no Build engine, pelo criador do engine, Ken Silverman. Mesmo sendo bitmaps 2D, são muito bem-feitos e caprichados.
Som
Aqui que Blood se supera: O trabalho do ator Stephan Weyte é fantástico. Se Duke Nukem tinha one liners engraçados, Blood tem mais de uma centena, onde Caleb, na atuação de Stephan Weyte, comenta as mortes de seus adversários no jogo, ou acontecimentos que sucedam ao jogador. A interpretação de Weyte é o ponto alto, onde sua voz, suave, sarcástica e sádica, dá o tom exato do jogo: Terrir, um terror de morrer de rir.
Um labirinto onde achamos Jack Torrance congelado ? Acho que já vi esse filme
Veredito
Blood é considerado, hoje em dia, como o melhor dos games baseados no Build engine, superando até Duke Nukem 3D. Na época, no entanto, foi eclipsado pelo lançamento de Quake 1, o que foi uma grande injustiça, afinal, o jogo é superdivertido.
No lançamento ignorado, foi ganhando uma legião de fãs com o passar dos anos, tanto que muitos sites foram criados sobre o jogo, conversões totais de Doom e mesmo do Duke Nukem apareceram, assim como tentativas de remakes e recriações não oficiais.
O jogo é algo como uma versão virtual de um filme de terror da série Evil Dead. Sim, ele é tão bom assim. A mistura exata de susto, aventura e humor está presente neste jogo, sendo muito difícil, mas, recompensador, seja com as mortes cartunescas de seus adversários ou os comentários engraçados de Caleb quando elas acontecem, ao chegar ao fim, a sensação de dever cumprido é gratificante e satisfatória.
Fora as referências culturais, de diversos filmes (Evil Dead, o Iluminado, Return of The Living Dead, etc) como também de seriados e pop lore, como os Simpsons.
E, custando R$10, 49, é uma pechincha, vale muito a pena, compre sem piscar.
Comprando Blood
GOG disponibiliza o pacote Blood: One Unit Whole Blood, que incluí o original Blood e os addons Plasma Pak e Cryptic Passage. O pacote tem 287 MB para baixar, inclui ainda 3 manuais em PDF, a trilha sonora e o vídeo “Love You to Death”.
A url do game é: https://www.gog.com/game/one_unit_whole_blood
O pacote será baixado para seu computador, e, instalado por um script em sua pasta /home
Como sempre, aconselho a usar o DBGL para gerenciar seus jogos em DOS e usar o DOSBOX nativo do PCLinuxOS.
Como comentei acima, o jogo tornou-se cult, e, hoje em dia existem diversos sites com addons não oficiais, níveis extras e conversões feitas por fãs. Vale a pena explorar tudo que existe sobre Blood, a começar pelo site http://www.blood-wiki.org, ponto de partida para todas as coisas Blood na internet.
Blood teve ainda uma continuação, Blood 2, a qual também é disponibilizada pela GOG, mas, apenas para Windows, mas funciona no PCLinuxOS via POL, ou seja, é possível jogar também. Mas, é assunto para outro artigo futuro.
E o futuro de Blood ?
Blood tornou-se um item controverso legalmente, já que os direitos sobre a IP do jogo pertencem à Atari, mas, o engine de Blood pertence à Monolith productions, que agora faz parte da Warner games.
Portanto, uma terceira encarnação de Blood é improvável, no momento.
Vamos aproveitar Blood, um jogo que fez 20 anos, em Maio último, mas, continua jogável, desafiador e divertido até hoje.
Saudações, e, até a próxima,
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