quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Jóias da GOG – Realms of the Haunting


Bem, como tinha escrito antes, eu abordaria jogos que a GOG vende. E, tem muita coisa boa na GOG.
E, um jogo que me saltou aos olhos foi Realms of the Haunting.

Mas, o que esse jogo tem de tão especial ?

Bem… Muita coisa. E, muita nostalgia…


Realms of the Haunting – o Jogo.

Forjada no princípio das eras e protegida pelos sete selos, encontra-se um lugar onde o pensamento e a criação se entrelaçam. O centro de todos os reinos da existência, é a força de equilíbrio entre o bem e o mal, o homem e o espírito. Um ponto focal para todas as energias, e o único elemento que tem mantido a natureza consumidora da escuridão aprisionada… Até agora…


A história começa na Cornualha, onde o personagem principal, Adam Randall, chega para o funeral de seu pai. A morte de seu pai, acontecendo sob circunstâncias  suspeitas, acende uma série de visões de pesadelos, todas girando em torno de uma casa que Adam tem pouca lembrança. Assombrado por essas imagens, ele eventualmente encontra a casa, descobrindo que ela é o antigo lar de um poderoso feiticeiro francês cujas experiências libertaram uma horda de demônios. O mal que os controla tomou o pai de Adam - corpo e alma - e agora está residindo no edifício, esperando por futuras vítimas. Dentro desta casa está localizado o soulstone, um objeto capaz de abrir portas entre nossa realidade e o mundo infernal, dando passagem aos demônios para a terra…

Minha Experiência

Eu comprei esse jogo, em 1997… É, nos primórdios do e-commerce, eu encomendei este jogo de um site americano e duas semanas depois ele chegou. Eram 4 CD’s, mais ou menos, 2,7 GB de dados. E, uma das coisas chatas, naquela época, era ficar trocando os CD’s, durante o jogo.
Mas, porquê 4 CD’s ?
Por causa dos vídeos. O jogo apresenta a sua história toda em vídeos FMV que tocam durante o progresso do jogador. E, para a época em que o jogo foi produzido (1996) ficou impressionante.


Não que a qualidade dos vídeos tenha ficado excelente, já que vídeos FMV, naquela época, estavam engatinhando, e, a compressão e os codecs não eram lá grande coisa(vale lembrar que naquele tempo, 486 eram computadores potentes e os Pentiums recém começavam a ser lançados).
Agora, uma breve resenha do jogo.

Gráficos

Naquela época (96) os engines 3D com bitmaps 2D estavam morrendo. Duke Nukem 3D foi o ápice dessa geração, que começou com Wolfenstein 3D. Todas as companhias estavam migrando para 3D vetorial, como o Quake, da id sosftware. Mas, mesmo assim, os gráficos são muito bons, para aquilo que se propõem. Recomendo ajustar os gráficos para a versão HD, de forma que não ficarão tão pixelizados.


O jogo é dividido nas partes de exploração (o jogo propriamente dito) e nas cutscenes FMV. As cutscenes são fantásticas, apesar de suas limitações, você é impelido a jogar só para saber o que vai acontecer com os personagens(algo parecido com Ninja Gaiden, do NES). E, os atores desempenham muito bem seus papéis. Há até atores que trabalharam em Dr. Who nesse game. Os figurinos e cenários estão perfeitos, e, há muito de cenários virtuais (cenas filmadas em tela azul/verde e depois colocadas em cenários renderizados por computador).

 

Som

É simplesmente fantástico. Tudo tem som no jogo, desde a maçaneta de uma porta ao clicar de um interruptor de luz, o som é perfeito, as vozes, o personagem principal Adam (você) diversas vezes fala sozinho, como nós mesmos fazemos no nosso dia a dia, dando pistas do que se deve fazer dentro da casa amaldiçoada. É excelente a qualidade de som, tornando o jogo imersivo de forma nunca antes vista.
Você se sente nessa casa, com janelas batendo, vento assobiando lá fora e toda a sorte de ruídos e rangidos de portas.

Jogabilidade

A jogabilidade é muito boa, já que o jogo não é um FPS, mas sim, um adventure. Há um cursor na tela, além das teclas de movimento, que muda, conforme se passa pelos elementos da tela. O cursor é controlado pelo mouse. Em alguns elementos, tipo uma prateleira ou um livro, o cursor muda e toma a forma de um olho, indicando que há mais a ser pesquisado naquele item.


Há um inventário, com seus itens e um diário, onde Adam faz anotações, e, faz observações sobre os acontecimentos do jogo. Quando se clicam nas anotações, algumas serão faladas (em voice over) pelo personagem Adam, um efeito muito legal, como se ele refletisse consigo mesmo sobre o que está acontecendo no jogo.
Em algumas situações, no entanto, o jogo deixa o jogador meio perdido, sem saber o que fazer e nem para onde ir. Existem certas seções do jogo bastante complicadas, como um labirinto subterrâneo em que se deve coletar um certo número de cérebros(Ugh) para fazer uma máquina funcionar, que é bem desorientador.
Mas, a imersão e a experiência de jogo dele é magnífica, sendo um jogo viciante, que, é como um bom livro: Depois de iniciar, não se consegue parar até chegar a última página. Esse jogo tem essa qualidade.

Veredito

Um jogo excelente, mesmo com mais de 20 anos de idade, é uma obra-prima. A Gremlin Graphics, empresa que o criou, jamais voltaria a fazer jogos assim, preferindo jogos fáceis de console, que, claro, vendem muito mais rápido (e, tem um retorno mais garantido).
A Gremlin foi a responsável por muitos sucessos, Top Gear (SNES), Zool (Genesis), Jack The Nipper (ZX Spectrum), mas, em termos de jogos Survivor Horror / Adventure, apenas ROTH(existe um outro jogo da companhia feito no mesmo engine, Normality, mas, este era um adventure de Ficção Cyberpunk).
O veredito, é claro, COMPRE agora. Compre já, o jogo é bom demais para não ser jogado. E, muitos vão se perguntar como fizeram tudo isso, em 1996 ? E, ainda mais pelo preço: R$11,99

Legado

O jogo ROTH tem um fan site dedicado a ele, com mapas, walkthroughs, dicas e trapaças. Há também capturas de tela e diversos downloads. A url do site é: http://www.realmsofthehaunting.com

Comprando Realms of The Haunting

ROTH foi originalmente feito para DOS, e, roda perfeitamente no DOSBOX.
O pacote vendido pela GOG.com em seu site traz ainda a trilha sonora em MP3 e o manual em formato PDF.
Você comprará o jogo e fará o download de um arquivo executável com extensão  .sh
Depois de completado o download (algo em torno de 1.4 GB), dê permissão de execução ao script (mod +x) e instale o jogo normalmente.
Será instalado na sua /home.
Um detalhe interessante é que a GOG coloca a sua própria versão de DOSBOX junto com o jogo, assim, penso, melhor usar o DOSBOX do PCLOS, e, ignorar o DOSBOX da GOG.
Para um melhor efeito, sugiro usar o DBGL (DOSBOX Game Launcher), que facilitará o gerenciamento do jogo.

Assim, espero que se divirtam e desvendem o mistério da casa da Cornualha…

Até a próxima!